Monday, September 24, 2007


Estava a cozinhar quando o João chegou, trazia um envelope na mão aberto, e lia animadamente uma carta.
Perguntei-lhe que carta era essa, que lhe roubava sorrisos e gargalhadas.
- É uma carta do Zé Vaz a convidar-nos para um jantar de reencontro de pessoas do nosso curso. – respondeu-me enquanto a desdobrava e me dava.

Peguei na carta, e logo percebi a boa disposição do João. O nosso amigo José, tinha escrito uma carta muito engraçada, em que recordava com humor e sarcasmo os anos passados na faculdade.

Parei por momentos de ler, e recordei aqueles bons anos na faculdade, as correrias para as aulas, as festas, os sorrisos, as palavras, os colegas, os amigos, os professores, e como não podia deixar de ser recordei os exames.
Exames, só a palavra, passados vinte anos, ainda me causava calafrios, o stress, o pânico, a ansiedade. Horas e horas sentada a ler, dores de cabeça, dores nos olhos, o cansaço, o sono, os jantares a que tive de faltar, noites mal dormidas, aulas ensonadas, os resumos, as fotocopias, os cafés com colegas, as duvidazinhas de última hora, a conversa com professores, a oração.
A oração sempre foi muito importante para mim, mas especialmente antes dos exames. Não é que rezasse mais, mas a minha oração antes dos exames era sempre única, não Lhe pedia por mim especialmente nem por aquele exame em particular, simplesmente não Lhe pedia nada, porque Ele sabia o que eu tanto queria e o que tinha feito para alcançar o que ambicionava.
Nos dias que antecediam o exame, os últimos dias de estudo, eu escrevia na mão direita em letras maiúsculas:
SÓ POR TI, JESUS

Centrado na minha mão, estava a razão de todo o meu esforço, e sempre que me custava mais estudar ou que estava ficar desmotivada, sempre que me apetecia levantar, desistir, ligar a alguém ou dar um passeio, sempre mas sempre que não me apetecia fazer aquilo a que me tinha disposto, olhava para aquela mão. Olhava e lia aquela frase, e por Ele, enchia me de força, mesmo que tivesse estado mais de três horas seguidas a estudar, mesmo que os olhos me doessem, mesmo que o cansaço já se fizesse sentir sobre o meu corpo, mesmo nas piores condições, por Ele eu enchia o peito de ar, e tentava dar o meu melhor, lia e relia tudo de novo, até me sentir de tal maneira exausta mas contente por saber que iria fazer o exame dando me a 100% como Ele se tinha dado.
Porque se Ele sofreu e morreu por mim, quem sou eu para não fazer tudo na minha vida por Ele? Quem sou eu para não dar o meu melhor todos os dias ,mesmo nas pequeninas coisas, como estudar, como ler um livro como decorar uma folha de um resumo, por Ele? É tão pouco, é uma migalha, a comparar com o que Ele fez e faz por mim.

Fechei a carta, olhei para a minha mão direita e sorri.
Hoje já não preciso de escrever na mão, é como se já la estivesse marcado, está assimilado, já faz parte de mim, a oração continua presente mas eu própria já dou por mim a rezá-la instantaneamente, e a dedicar-Lhe todas as minhas acções, toda a minha vida.






Queria agradecer a todos os que me enviaram mensagens de incentivo, e me deram força para continuar esta caminhada em que O transmito, ou pelo menos tento, transmitir aos outros através destas estórias.

Também Te agradeço Senhor por este ano escolar que passou, por todos os frutos gerados e por teres ido ao meu encontro de inúmeras maneiras, Obrigado!

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