Monday, January 28, 2008


Foi numa manhã fria de Janeiro, que nos cruzarmos pela primeira vez, como duas folhas se cruzam no vento gélido do Outono, de relance, temporariamente e sem saber se nos veriamos de novo, ou se tinha sido um toque de passagem.
É engraçado olhar para trás e ver como ela entrou na minha vida, de repente, de forma inesperada, do nada simplesmente, e esta simples entrada fez a minha vida dar uma volta de 360 º, porque com ela, entrou Cristo na minha vida.
A vida com Cristo presente é tão diferente, antes de conhecer a Cristina, a minha vida era muito mais virada para dentro, eu tinha as minhas preocupações, angustias e ambições, eu vivia virada para mim e para a minha vidinha, que não ia para além do meu umbigo.
Quando nos conhecemos, vi como era viver plenamente, a Cristina, tinha e tem a vida dela, de gestora, de mãe, de irmã, de filha, de amiga, e tem a vida para os outros, para os filhos, para o marido, para os amigos, para os que precisam. Ela não vive só para se realizar pessoalmente, mas também vive a pensar no que pode fazer pelos outros e para os outros.
No mundo em que vivemos, somos cada vez mais tentados a viver para nós próprios, e a sermos mais individualistas, temos o nosso carro, a nossa casa, o nosso telemóvel, a nossa vidinha, queremos o nosso espaço, o nosso curso, o nosso projecto de vida, e muitas vezes esquecemo nos que não somos nada sem os outros, e muito menos sem Deus. Esquecemo nos do essencial, que é mesmo ( já dizia Antoine de Saint-Exupery) invisível aos olhos. Esquecemo nos que nem tudo corre como planeamos e que a vida dá tantas voltas, Graças a Deus.
Gostávamos de puder controlar tudo, não temos noção que há coisas que não depende de nós.
Quando olhei para a vida da Cristina, e reparei na maneira altruísta como ela vivia, senti me vazia oca e um pouco sem saber o que fazer. Ela que era casada e mãe de três filhos, tinha tempo para tudo e mais alguma coisa, trabalha numa empresa, educava os filhos e fazia voluntariado. Era uma pessoa disciplinada, organizada e principalmente altruísta.
Conhecemo nos de forma inesperada, num corredor do hospital, onde eu estava internada depois de ter tido um acidente de mota.
Estava eu pensativa num corredor, quando a vi a passar, com um enorme sorriso contagiante, trazia um ramo de flores, amarelas e lilases, e ia colocando uma flor na cabeceira de cada doente, até que chegou a minha cama que não tinha cabeceira, e depois de um sorriso, perguntou me se estava bem. A maneira como me olhou e a forma como colocou o braço sobre o meu, fez me sentir pela primeira vez em muito tempo, confortável, e ao mesmo tempo vulnerável, foi uma mistura de sentimentos durante tão pouco tempo, que me fez ficar confusa e comovida.
Ela ao ver o meu embaraço, abraçou me, e começou me a animar.
A partir daquele dia comecei a ser visitada regularmente por aquela senhora de olhos esverdeados e sorriso marcante, que ao início era apenas uma voluntária e no fim era uma grande amiga. No meio desta amizade, eu fui crescendo, e a Cristina deu me a conhecer o Amor de Deus. Podia não tê-lo feito, por receio, por não querer arriscar, eu no seu lugar não o teria feito, porque é tão difícil falar de Cristo, com receio de sermos olhados de lado, de não dizer as coisas certas, mas isso era o que eu achava antes de a conhecer, quando a ouvi falar de Cristo até estremeci, era uma confiança, uma certeza, uma relação de amor enorme que transparecia na alegria dos seus olhos ao falar d´Aquele que morreu por Nós. Ao inicio eu estranhava, nem sabia que Lhe dizer, já não falava com Ele há tantos anos, depois comecei a habituar me, e quando dei por mim, uma paz enorme invadiu me e os dias já não eram só dias nem as horas apenas horas, tudo mudou, deixei de viver a 300 querendo estar em todo o lado ao mesmo tempo e passei a fazer tudo com calma e pausadamente, inscrevi me no grupo de voluntários e passei a dedicar algum do meu tempo livre aos outros, deixei de pensar só em mim e na minha realização pessoal e passei a pensar em mim com Deus, com o que Ele quereria que eu fizesse.
Desde que me comecei a dar com ela, tudo mudou, passei a tê-Lo sempre presente e em vez de ser só Cristã, fiz de ser Cristão um modo de vida, levando O como ela O leva sempre presente na minha acção do dia a dia.
Deixei de planear pormenorizadamente a minha vida, e passei a ter apenas linhas de orientação que foram rezadas e pensadas com Ele não só no impacto destas na minha vida, mas na diferença, mesmo que pequena, na vida dos outros.
Essa é a capacidade do amor de Deus, de nos fazer dar cada vez mais, de nos superarmos a nós mesmos, porque com Cristo tudo é possível, com Cristo presente, confiando e entregando-Lhe a nossa vida, tudo acontece, basta confiar.

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