Wednesday, February 28, 2007


Não me lembro que idade, teríamos quando nos conhecemos. Desde que me lembro de mim que me lembro da Leonor. Deve ter começado tudo na escola primária, entre boiões de tinta, encontrões no recreio, plasticina e muita sesta.
Os anos passaram, e crescemos juntas, primeiro partilhando bonecas, depois livros, mais tarde segredos, depois orações. Fizemos a primeira comunhão juntas, fizemos um percurso na Fé juntas e sem nos darmos conta a nossa amizade foi crescendo em Cristo.

Olho para a amizade que construí com a Leonor e não consigo deixar de pensar automaticamente na frase do Principezinho “ Cativa-me “, para mim ela é como a raposa, e foi sendo cativada por mim e eu por ela e quando demos conta já ambas tínhamos criado laços .
Laços cheios de nós, e fortes porque foram dados por nós e reforçados com Ele.
Não consigo olhar para a nossa amizade sem me lembrar de uma brincadeira nossa em crianças, em que ambas éramos ovelhas e Cristo era o nosso pastor, porque ouvimos a parábola da ovelhinha perdida e pensamos que Ele é o nosso pastor e nos guia no Prado que é a nossa vida, e nós somos simples ovelhinhas que caminhamos atrás d´Ele percorrendo o seu percurso de Amor.

Todas as amizades são ligações. Ser amigo é dar-me a conhecer ao outro, não é dar o que me apetece ou o que me convêm, uma amizade é deixar o outro entrar dentro de mim e descobrir quem sou. Quando conhecemos alguém e vamos ficando amigos dessa pessoa é como se levantássemos um véu de uma mesa, e fossemos vendo como Ele a vê, porque nas verdadeira amizades nada se esconde e o véu que nos cobre desaparece.
Numa amizade, é como se estivessemos perante um processo de osmose, em que há troca de impressões, de Amor, de carinho, há um dar mas sem a necessidar de receber, um dar por Amor, um dar por Entrega seguindo o exemplo d´Ele.

Mas para falarmos de amizade não podemos deixar de falar de Cristo, que é mesmo nosso Amigo, e que nos ama, como ninguém, que é tão nosso Amigo, que Deu a vida por Nós, que é tão Nosso Amigos que nos dá a mão mesmo quando O negamos, quando não O ouvimos, quando Lhe viramos as costas, é tão nosso amigo que não desiste e vem ao nosso encontro sempre.

Por isso é que eu considero que todas as amizade são sagradas, porque amigos a sério são tão poucos, mas tão bons, contudo amigos no Senhor não são melhores que os outros mas tem sem duvida um lugar especial no meu coração, porque tê-Lo numa amizade é enriquecê-la, é permitir que os nós que unem os laços sejam mais fortes, e que nunca se desfaçam, como o nó que nos une a Ele e que tantas vezes tentámos desfazer contudo Ele nunca o permite por Amor.




Este post foi escrito, a pedido do Sedente, da Maria João e do Joaquim, devido a um desafio que tem sido proposto para se escrever sobre a Amizade.


Lanço o desafio e se Caminante (http://sonmishuellaselcamino.blogspot.com/), a Nônô (http://fiat--lux.blogspot.com/), o Andante (http://peregrino-andante.blogspot.com/), a Catequista (http://caminhandoaoencontro.blogspot.com/ ), e a Menina das estrelas (http://www.miminhosepapasdeleite.blogspot.com/) aceitassem o desafio e escrevessem também sobre a amizade? Fica aqui a proposta

Monday, February 19, 2007


Não sou muito dado a compras. Só vou quando tem mesmo que ser. Prefiro estar em casa a ler um bom livro, a passear com a Francisca, ou ainda a escrever cartas a amigos, do que estar no meio das lojas abafado por entre o consumismo desenfreado e a multidão.

Mas naquela manhã tinha mesmo que ir, eu e a Francisca fazíamos anos de casados, queria lhe comprar um presente. Arrastei me pelas lojas, tentei apaixonar me pelas montras, por algo que me chamasse à atenção, mas não estava inspirado.

Estava a entrar numa loja, muito desanimado quando vi uma senhora de alguma idade com muita dificuldade a carregar um saco, ela queria desesperadamente abrir a porta, e estava sem forças para o fazer. Como era natural abri e deixei-a passar, ela além de ter feito um enorme sorriso respondeu:
- Sabe hoje em dia, há tão poucos cavalheiros, obrigadíssima Senhor.
Fiquei meio atrapalhado e não percebi muito bem aquele “Senhor”.

Saí daquela loja passado pouco tempo, e um rapazinho estava na rua a caminhar lentamente à minha frente e a brincar com uma bola, não deve ter reparado numa pedra que estava no canto do passeio e tropeçou, meio atordoado, ia cair, quando eu o agarrei e puxei contra mim. O rapaz parou por momentos, encostou-se ao meu peito e sorriu-me.

Mais à frente noutra zona comercial, continuava eu o meu percurso irregular, quando vi uma rapariga alemã com um enorme cartaz a gritar na rua, curioso aproximei-me e li: “ Abraços Grátis “ escrito em letras Verdes, e com alguns erros, mas com uma boa intenção, ela viu-me e abraçou-me, dei por mim a abraçá-la e a sorrir.
A seguir a mim, um grupo de pessoas fez questão de a ir abraçar também.

Decidi entrar numa Igreja, podia ser que com a graça do Espírito Santo e com uma conversa com o Pai me surgisse alguma ideia para comprar o presente. Entrei e fiquei lá mais de meia hora, o silêncio envolveu-me, e deixei-me conduzir pelo Amor do Pai. Nesse momento percebi que cada vez gosto mais de Lhe falar. Foi assim que no meio de muita oração, revi o meu Dia, e estava a agradecer pelos acontecimentos deste quando me apercebi do valor dos pequenos gestos.

Pequenos gestos, são gestos que são simples, são discretos e ao contrário da sua denominação são grandes. São grandes na medida em que podem mudar muita coisa.
Um gesto no nosso dia pode alterar todo o rumo do mesmo. Há uns anos um amigo meu contou me que tinha lido uma história verídica que relatava a mudança de toda a vida de um jovem universitário a partir de um simples aperto de mãos. Este jovem ia para casa suicidar-se, sua mãe tinha morrido à pouco mais de dois meses, ele tinha chumbado a imensas cadeiras e a namorada tinha-o deixado, a vida estava a correr-lhe tão mal, e no dia em que caminhava para casa decidido a acabar com a sua vida, foi assaltado e espancado. Um idoso encontrou-o inconsciente no meio da estrada, e deu-lhe a mão, deu-lhe a mão e levou-o para sua casa, tratou dele e ajudou-o a dar a volta às situações que o rodeavam, e só este simples gesto mudou-lhe a vida.

O mesmo acontece quando abrimos a porta a alguém, quando aparamos uma queda, quando sorrimos, ou ainda quando agradecemos algo. São estes simples gestos que podem mudar um dia, porque embora nos pareçam insignificantes, é nas pequeninas coisas que Ele se manifesta, num sorriso, numa mão, num “Obrigado”, Ele é discreto, e sussurra-nos ao Ouvido o seu Amor constantemente, é através destes actos que nos passam tantas vezes ao lado, que Ele se manifesta e nos acolhe, nos encoraja, nos motiva a continuar.
Quantas vezes depois de um dia que correu menos bem, não ficamos mais contentes por ouvirmos um “Obrigado” sentido, por termos aberto uma porta a quem mais precisava, por termos recebido um sorriso sincero?
Nessas alturas, Ele abraça-nos, e envolve-nos. Nessas alturas é como se aquela mão, fosse Ele a empurrar-nos e a dizer-nos:” Vai Filho estás no bom caminho e Eu estou contigo sempre, anima-te.”

Os pequenos gestos também têm uma coisa óptima, é que é através destes que nos podemos Dar aos outros. Será que custa muito deixar uma pessoa passar à frente na fila para pagar? Será que nos dói sorrir? Porque dar-mo-nos ao outro, é também dar a conhecer o Amor de Cristo através de gestos que marcam.

Percebi que sempre que praticamos o bem, sempre que fazemos pequenos gestos, é nessas alturas que deixamos Cristo viver em Nós, e não somos nós os autores daquele acto de Amor é Cristo que se dá a conhecer aos outros através de nós.
Por isso quando nos agradecem, estão a agradecer-Lhe a Ele que se dá a conhecer através de nós.

Saí da Igreja com uma enorme vontade de dar a conhecer a todos o Amor de Cristo, mas de repente apercebi-me das horas, tinha me esquecido do presente da Francisca.
Sorri ao pensar no que lhe ia oferecer.

Cheguei a casa com um enorme sorriso, a Francisca abriu-me a porta mal humorada e disse:
- Nem queiras saber como me correu o dia hoje… - e olhou para mim cabisbaixa enquanto caminhava para a cozinha.
Não deixei que ela continuasse a frase, abracei-a e ofereci-lhe um enorme ramo de lírios brancos, beijei-a e disse:
- Será que agora esta a correr melhor?
Ela sorriu-me, e abraçou-me e ficamos assim por momentos a aproveitar este gesto que iria melhorar o nosso dia.

Sunday, February 11, 2007


Não sei se é por termos o nome em Comum, mas sempre gostei de Joana Beretta Molla. É um verdadeiro exemplo de entrega, de coragem e de Amor.

No blog do meu amigo Sedente está muito bem relatada a vida desta Cristã que viveu a vida em pleinitude , aconselho a irem lá dar uma olhadela, deixo aqui o endereço http://sede-de-deus.blogspot.com/2007/02/rosto-de-joana-beretta-molla.html

Acho que este exemplo de vida, de santidade e de Entrega é optimo para nos fazer reflectir na nossa vida, e nas nossas escolhas, especialmente hoje.

Saturday, February 10, 2007


Comecei a namorar com o Rodrigo estávamos os dois na faculdade, encontramo-nos por acaso num corredor, uma troca de olhares foi o início daquilo que começaria por ser uma boa amizade que mais tarde se tornaria em namoro, e passados alguns anos em casamento.

Recordo os primeiros anos do nosso namoro com muita alegria, ainda mal nos conhecíamos e desde o início comprometermo-nos a fazer juntos um percurso na Fé.
Íamos e vamos à missa juntos, rezávamos e rezamos juntos, e unimo-nos desde logo em Deus, permitindo que o Seu Amor nos juntasse e tivéssemos uma abençoada união a Três.
A nossa amizade ainda hoje é uma amizade no Senhor.

Casámo-nos em Setembro numa pequena capelinha em Azeitão, passados quase quatro meses descobri que estava grávida. Foi com enorme alegria que recebemos este Dom que o Senhor nos deu.

Meses mais tarde soube que uma amiga minha também ia ser mãe, pensei que ambas partilhávamos a alegria de receber esta dádiva de Deus, contudo quando lhe liguei, ela pareceu-me triste e desanimada, já tinha três filhos e não queria ter mais. Disse-me que aquele filho não era desejado, e que estava fora de questão tê-lo. Já tinha falado com o António, seu marido e pai da criança, e ambos concordavam que não queriam aquele filho, que só traria despesas, e que a fome poderia ser maior à mesa.
Tentei persuadi-la a ter a criança, mas as minhas palavras caíram como folhas num deserto que eram logo levadas pelo vento.

Desliguei o telefone, e fui tomar banho. As lágrimas corriam-me pela cara sem parar, a tristeza de não ter conseguido ajudar aquela família, de não ter o dom da palavra, de nada de ter feito faziam-me sentir pessimamente.
Toquei na minha barriga que já tinha algum tamanho, senti aquela criança que tinha no ventre. Pousei ambas as mãos sobre a barriga, e rezei.
Rezei por todas as crianças que não iam nascer, por todas as crianças que os pais consideram não desejadas. Mas o que é um filho desejado? Ou melhor qual é a diferença entre um filho desejado e um filho não desejado? Eu sempre pensei que todos os filhos eram desejados, na medida em que todos os filhos são igualmente amados pelos seus pais, e todos os filhos são dadivas do Senhor. Não podemos considerar um filho que foi concebido sem termos pensado em tê-lo, como um filho não desejado, porque este filho não é de maneira alguma inferior aos outros, este filho tal como os outros foi uma dadiva de Deus, e como os outros contem o nosso ADN, contem um pouco de nós.
Eu e o Rodrigo não desejámos este filho na medida em que não planeamos tê-lo, mas ficamos desejosos por o receber pois ambos sabíamos que tínhamos que acolher este bocadinho de Deus que nos tinha sido confiado.

Quando ouvi a minha amiga a dizer que tinha dentro de si, um filho não desejado, pensei imediatamente no ridículo que era ela utilizar a palavra “desejado” na medida em desejar é querer algo, “eu desejo comer chocolates, eu desejo ter uma casa enorme, eu desejo um bom emprego”, enquanto que um filho é muito mais do que um desejo, um filho pode aparecer numa altura que não nos parece própria, um filho pode parecer que nos vai estragar a estabilidade financeira, um filho vai nos dar trabalho, vai nos tirar tempo vai nos roubar espaço, e se víssemos as coisas dessa perspectiva nenhum filho seria desejado, porque todos os filhos dão trabalho, todos os filhos dão custos, todos os filhos nos tiram tempo, e dão-nos mais cedo ou mais tarde dores de cabeça.

Um filho não é como as outras coisas a que estamos habituados porque um filho não é uma coisa, e por não ser coisa não pode ser desejável na medida em que as coisas são desejadas.
Embora possa parecer paradoxal, eu percebo que as mulheres desejem ser mães, mas tenho a certeza que não tem um desejo como tem de ter um carro, ou uma casa, ou de ir às compras, porque um filho não é um capricho que possa ser planeado e alterado como quando nos dá jeito.
Um filho é muito mais do que isso.

Sai do banho, encharcada em água e em lágrimas, o Rodrigo encontrou-me sentada na cama a limpar o cabelo, e preocupado perguntou-me:
- Que tens? – Respondi-lhe de seguida:
- Estou a rezar pelos filhos não desejados. – e uma lágrima soltou-se do meu olho.

Ele olhou para mim com tristeza e disse:
- Rezemos juntos por estes filhos do Senhor que tantos se recusam a acolher, por causas muitas egoístas, rezemos para que os Homens compreendam o valor da vida e lhes dêem um espaço nesta sociedade que avança cada vez mais para o egoísmo, e para a morte. Porque com a força do Espírito Santo muitas mentes mudarão e muitas vidas serão salvas. Acredita.
( Imagem do blog que se encontra nos meus links como a Melhor ilustradora do Mundo, vale a pena dar uma vista de olhos acreditem )

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