Saturday, February 10, 2007


Comecei a namorar com o Rodrigo estávamos os dois na faculdade, encontramo-nos por acaso num corredor, uma troca de olhares foi o início daquilo que começaria por ser uma boa amizade que mais tarde se tornaria em namoro, e passados alguns anos em casamento.

Recordo os primeiros anos do nosso namoro com muita alegria, ainda mal nos conhecíamos e desde o início comprometermo-nos a fazer juntos um percurso na Fé.
Íamos e vamos à missa juntos, rezávamos e rezamos juntos, e unimo-nos desde logo em Deus, permitindo que o Seu Amor nos juntasse e tivéssemos uma abençoada união a Três.
A nossa amizade ainda hoje é uma amizade no Senhor.

Casámo-nos em Setembro numa pequena capelinha em Azeitão, passados quase quatro meses descobri que estava grávida. Foi com enorme alegria que recebemos este Dom que o Senhor nos deu.

Meses mais tarde soube que uma amiga minha também ia ser mãe, pensei que ambas partilhávamos a alegria de receber esta dádiva de Deus, contudo quando lhe liguei, ela pareceu-me triste e desanimada, já tinha três filhos e não queria ter mais. Disse-me que aquele filho não era desejado, e que estava fora de questão tê-lo. Já tinha falado com o António, seu marido e pai da criança, e ambos concordavam que não queriam aquele filho, que só traria despesas, e que a fome poderia ser maior à mesa.
Tentei persuadi-la a ter a criança, mas as minhas palavras caíram como folhas num deserto que eram logo levadas pelo vento.

Desliguei o telefone, e fui tomar banho. As lágrimas corriam-me pela cara sem parar, a tristeza de não ter conseguido ajudar aquela família, de não ter o dom da palavra, de nada de ter feito faziam-me sentir pessimamente.
Toquei na minha barriga que já tinha algum tamanho, senti aquela criança que tinha no ventre. Pousei ambas as mãos sobre a barriga, e rezei.
Rezei por todas as crianças que não iam nascer, por todas as crianças que os pais consideram não desejadas. Mas o que é um filho desejado? Ou melhor qual é a diferença entre um filho desejado e um filho não desejado? Eu sempre pensei que todos os filhos eram desejados, na medida em que todos os filhos são igualmente amados pelos seus pais, e todos os filhos são dadivas do Senhor. Não podemos considerar um filho que foi concebido sem termos pensado em tê-lo, como um filho não desejado, porque este filho não é de maneira alguma inferior aos outros, este filho tal como os outros foi uma dadiva de Deus, e como os outros contem o nosso ADN, contem um pouco de nós.
Eu e o Rodrigo não desejámos este filho na medida em que não planeamos tê-lo, mas ficamos desejosos por o receber pois ambos sabíamos que tínhamos que acolher este bocadinho de Deus que nos tinha sido confiado.

Quando ouvi a minha amiga a dizer que tinha dentro de si, um filho não desejado, pensei imediatamente no ridículo que era ela utilizar a palavra “desejado” na medida em desejar é querer algo, “eu desejo comer chocolates, eu desejo ter uma casa enorme, eu desejo um bom emprego”, enquanto que um filho é muito mais do que um desejo, um filho pode aparecer numa altura que não nos parece própria, um filho pode parecer que nos vai estragar a estabilidade financeira, um filho vai nos dar trabalho, vai nos tirar tempo vai nos roubar espaço, e se víssemos as coisas dessa perspectiva nenhum filho seria desejado, porque todos os filhos dão trabalho, todos os filhos dão custos, todos os filhos nos tiram tempo, e dão-nos mais cedo ou mais tarde dores de cabeça.

Um filho não é como as outras coisas a que estamos habituados porque um filho não é uma coisa, e por não ser coisa não pode ser desejável na medida em que as coisas são desejadas.
Embora possa parecer paradoxal, eu percebo que as mulheres desejem ser mães, mas tenho a certeza que não tem um desejo como tem de ter um carro, ou uma casa, ou de ir às compras, porque um filho não é um capricho que possa ser planeado e alterado como quando nos dá jeito.
Um filho é muito mais do que isso.

Sai do banho, encharcada em água e em lágrimas, o Rodrigo encontrou-me sentada na cama a limpar o cabelo, e preocupado perguntou-me:
- Que tens? – Respondi-lhe de seguida:
- Estou a rezar pelos filhos não desejados. – e uma lágrima soltou-se do meu olho.

Ele olhou para mim com tristeza e disse:
- Rezemos juntos por estes filhos do Senhor que tantos se recusam a acolher, por causas muitas egoístas, rezemos para que os Homens compreendam o valor da vida e lhes dêem um espaço nesta sociedade que avança cada vez mais para o egoísmo, e para a morte. Porque com a força do Espírito Santo muitas mentes mudarão e muitas vidas serão salvas. Acredita.
( Imagem do blog que se encontra nos meus links como a Melhor ilustradora do Mundo, vale a pena dar uma vista de olhos acreditem )

6 comments:

Tiago Madeira said...

Fizeste-me recordar coisas que andavam ressentidas, mas melhor ainda foi o sentir da louca paixão que Deus tem para com cada um de nós, porque um dia nos deu a oportunidade de Viver.
Beijinho e até breve!

Presidente said...

Is.49,15 : "Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria. Eis que Eu gravei a tua imagem na palma das minhas mãos". ;) Bj em Cristo, inté

Maria João said...

Como é bom ter um marido que partilhe a nossa Fé...

joaquim said...

Pois é Joana, o problema é como tu dizes, muita gente vê um filho, como algo que faz parte do casamento, mas em igualdade de circunstâncias, com a casa, o carro, as férias, etc., etc.
O que se passa com a "humanidade"?
Só em Cristo podemos encontrar a paz, a verdadeira Paz, não a paz do mundo, como Ele mesmo nos diz.
Abraço em Cristo

joaquim said...

Cara Joana
Aquilo que um dia disse aos saudosos "Pensar Cristo", digo-te também a ti.
Para quando o livro com todas estas lindissimas e importantes histórias?
Abraço em Cristo

J said...

Tiago,

Aproveito para agradecer o teu blog, que é um cantinho de oração que tanto prezo e que me revela o Amor de Cristo.

Um grande beijinho e ate breve!


Filipe,

Deus jamais se esquecerá de nós é verdade, nós que tantas vezes Lhe viramos as costas, mas Ele ama nos de tal maneira que vem sempre ao nosso encontro não desiste.

Um grande beijinho em Cristo


Maria João,

Imagino que ter um marido que partilhe a nossa fé, seja optimo, ter uma relação a Três deve ser reconfortante, deve ser uma sensação de "estar completo" de união, que espero que Deus um dia me a conhecer.

Um grande beijinho em Cristo


Joaquim,

Um filho não é a mesma coisa que um carro ou uma casa, e faz me confusão ver que muitos prescindem do valor da vida, do Dom que Ele nos dá, por um bem que julgam maior, um bem egoista que dá jeito e que não dá trabalho.
Só mesmo em Cristo encontramos a paz, a paz do seu Amor. ( será essa paz a que sinto ao ler o seu blog? uma paz por O conhecer e o Ver nas suas palavras, é tão reconfortante )

Um livro com estórias? apanhou-me desprevenida, admito que já pensei nisso, pelo prazer que a escrita me dá, um dia se Deus quiser veremos um livrinho dedicado ao Senhor.

Deixo-lhe um desafio, e um dia se também escrevesse um livro? é que o Joaquim escreve tão bem!

Um grande beijinho em Cristo


Madalena,

Concordo com cada palavra que escreveu e estou consigo em oração a pedir à nossa Querida Mãe por todos os pais que vão ter um filho para que lhes sirva de exemplo de coragem e força para terem esse filho.

Também não conheço ninguém se tenha arrependido de ter um filho, claro que há filhos que dão menos trabalho e outros que dão mais trabalho, mas
todos são Dons de Deus.

Um grande beijinho em Cristo

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